29/06/2012

O nosso filho e a comida. Os pais à beira de um ataque de nervos...


Catarina Rodrigues
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta


Janeiro de 2011

A partir dos 12 meses, a hora da alimentação ganha lugar de destaque na relação, e por vezes não pelos melhores motivos. O facto de antes o bebé ter mamado bem não serve de prognóstico positivo para a mudança para os alimentos sólidos. De facto, em situações de desenvolvimento saudável, na análise desta questão, não é a alimentação que está no cerne, mas a idade da criança, melhor dizendo, o crescimento da sua noção de competência e de autonomia. Quando falamos de alimentação, de sono, de deixar as fraldas, estamos sobretudo a falar da formação da identidade da criança e da aquisição da sua noção de competência e de autonomia. Crescer é sobretudo saber exprimir a sua vontade! Esta é uma aprendizagem que tenho feito com as crianças com quem lido.

Somos seres de vontade e de desejo. Gostamos mais de umas coisas e menos de outras. Isso acontece quando temos 18 meses, 38 anos ou 78 anos. Mas, quando se trata do bebé parece que as regras de compreensão do comportamento deveriam necessariamente mudar para uma ausência do querer próprio, como se o bebé fosse uma tábua rasa onde os pais vão inscrevendo todas as aprendizagens do mundo, para que depois o bebé possa escolher. Porém, não existe tal coisa como tábua rasa. Quando olhamos para um bebé ou para uma criança, não nos podemos esquecer que estamos a olhar para um ser em devir! Ou seja, para um ser que está a crescer e a transformar-se constantemente até chegar a adulto (e mesmo aí a mudança não termina). Vida é mudança!

0 comentários:

Enviar um comentário