Catarina Rodrigues
Psicóloga Clínica,
Psicoterapeuta
O nascimento de um bebé suscita
uma complexidade de sentimentos em todos os que o rodeiam, e não estou apenas a
referir-me aos pais. Ninguém fica indiferente a um bebé, nem ao modo como os
pais o tratam.
Para os pais pela primeira vez,
que ainda não “provaram” a sua capacidade parental, os palpites, os conselhos,
os reparos, as ideias dos outros são mais que muitos em relação ao modo como
tratam e devem tratar o seu filho. Pode não ser fácil de gerir, sobretudo
quando o cansaço do parto, a diminuição das hormonas do parto, a exigência
emocional e física de um recém-nascido e a adaptação à parentalidade consomem
parte substancial das energias dos pais.
A intenção de quem rodeia pode
até ser a melhor, pode até nem ser com o objectivo de aconselhar ou de criticar
os pais, pode ser simplesmente um comentário que se esboçou resultante de uma
reflexão interna, pode ser uma partilha de como a pessoa fez em relação a um
filho seu… Mas, e consoante a maior ou menor confiança dos pais em si mesmos e
um no outro, do grau de exigência que têm para consigo mesmos e do grau de
discernimento possibilitado pelo cansaço, e da importância que atribuem às
pessoas que fazem tais comentários, estes podem ter um impacto significativo… e
desgastar os recém-pais em argumentos e em pensamentos que os podem fazer
sentir que se estão a defender e lhes podem suscitar dúvidas que não tinham… Sobretudo
enchem-nos de ruído externo numa altura em que, penso eu, é necessário silêncio
e carinho.
Acrescente-se que, quando estes
comentários emergem da geração anterior (ou seja, dos pais dos recentes pais),
antigos conflitos e antigas dinâmicas relacionais podem ressurgir e perturbar o
delicado equilíbrio emocional em que os pais se encontram. Nomeadamente,
conflitos relacionados com as falhas sentidas na sua relação mais precoce.
Efectivamente, existe, por um
lado, uma identificação dos pais ao seu filho, o que os coloca em contacto com
o seu lado bebé, reavivando a vivência das falhas da sua relação mais precoce.
O que pode resultar numa menor tolerância face às atitudes parentais dos seus
próprios pais em relação ao seu filho (isto é, ao neto dos seus pais), uma vez
que estas vêm, de forma inconsciente e imediata, reavivar feridas antigas. O
modo de ser avós em relação ao neto recorda o modo como estes se relacionaram
com os recém-pais quando eram bebés e crianças. Aquilo que antes fora sentido,
mas que não tinha uma mente suficientemente madura para ser pensado, elaborado
e compreendido, é-o agora, ou pode sê-lo agora. E a consciência das falhas
parentais traz uma maior compreensão de quem são os seus pais, mas também de
quem se é. De como se tornou quem se é. Iluminam, pois, a história do próprio.
E as suas próprias falhas. Que não deseja passar para o seu filho. Que deseja “corrigir”
no filho. Ser diferente dos seus pais é, pois, criar um filho diferente de si
mesmo. Através do modo como cuida do seu filho, o próprio está também a cuidar
do bebé que permanece dentro de si e cujo desenvolvimento não se fez em pleno. Quando
predomina um lado saudável nos pais, e a consciência das falhas da relação
anterior, estes desejam que o seu cuidar possa ser diferente e permitir que o
seu filho cresça melhor e se concretize de forma mais plena no futuro.
E, por outro lado, uma
identificação ao seu novo papel, o que implica deixar o seu papel de filhos (e,
por isso, estar menos receptivo aos “cuidados” dos seus pais) e assumir o seu
novo papel – ser mãe/pai – e pensar de forma independente e autónoma.
Sobretudo, cada vez mais de acordo com o seu próprio pensamento.
Estar com uma família recente
deveria ser um momento sobretudo de contemplação. Contemplar os pais e seu bebé
no acto mágico de afinarem, tão precocemente, uma música de amor. Invadidos por
tantas emoções, dúvidas e medos, os recentes pais necessitam de silêncio para
serem capazes de discernir finamente os ritmos da música que começou a tocar
nas suas mentes logo que olharam e pegaram no seu bebé. Ritmos que inicialmente
pareceram emergir de instrumentos algo desafinados ou de som longínquo, difícil
ainda de entender. Faz parte do desconhecimento de um primeiro contacto e da
inexperiência! Para que os pais os consigam ouvir mais distintamente precisam de
estar em contacto íntimo consigo mesmos e com o seu bebé. É nesta tríade que se
encontra toda a sabedoria. São momentos em que todos os elementos se contemplam
e vão reconhecendo as características, as necessidades e os comportamentos
únicos de cada um.
Excepção feita aos pedidos
directos de ajuda dos recentes pais, só mais tarde é que os “ensinamentos” do
exterior podem ser importantes/relevantes. Este é o momento por excelência de
contemplação: do recém-nascido e de seus pais.
Seguindo o ritmo do bebé – o mimo é importante!
Após este prelúdio, gostava de
refletir convosco sobre a questão do mimo e da independência. Uma questão que
surgiu da minha experiência pessoal de recente mãe e que me parece ser aquela
que mais “invade” a tríade.
As questões sobre a independência
e autonomia do bebé suscitam debates apaixonados entre aqueles que acham que o
mimo cria “manha”, senão mesmo um bebé ditador, e que tem consequências ao
nível da capacidade de autonomia futura, e aqueles que consideram o mimo como um
modo natural de relação com o bebé e que é este que constitui a base onde
assenta o crescimento para a independência e autonomia.
Sempre me considerei pertencente
ao segundo grupo de opinião e desde há muito que me interrogo do porquê desta
exigência face aos bebés. Agora, por ser mãe recente, estas interrogações
ganham redobrada força e novas reflexões.
Diante da tríade pai/mãe-bebé, é
comum ouvir-se: «Não dês tanto colo. O bebé fica mimado e cheio de manha e não
vai querer outra coisa. E é mau para o seu desenvolvimento». Mas sê-lo-á
efectivamente? Que estudos científicos comprovam que o colo, na fase mais
precoce do ser humano, prejudica o seu desenvolvimento? Que exemplos temos de
crianças-problema que tenham “sofrido” do dito “colo a mais” em bebés?
Da minha experiência, leituras e
reflexão, as patologias e as perturbações emocionais do desenvolvimento surgem em
reacção a um quadro de relações precoces problemáticas, onde faltou uma relação
de amor clara, inequívoca, mútua, generosa e caracterizada pelo respeito
(incluindo o respeito pelo ritmo do bebé), reconhecimento da individualidade e
das potencialidades da pessoa.
É disso que nos falam as pessoas
que procuram a relação terapêutica: de como não se sentiram amadas,
reconhecidas e valorizadas. Não se sentiram preferidas, especiais para os seus
pais. Ou seja, alvo de um amor que projecta os filhos num futuro de
concretização e de orgulho. De como sentiram que as suas necessidades não foram
bem entendidas e de como isso lhes coartou a espontaneidade da sua relação com
os outros.
Ora, o papel dos pais desvela-se
na disponibilidade para a construção de uma relação de intimidade, assente na observação
atenta e sensível do seu filho, procurando que as suas respostas sejam
contingentes, adequadas e empáticas às necessidades e competências daquele. E
para tal, basta estar atento ao bebé e levar a sério as suas manifestações. Ou
seja, considerá-las como comunicação relacional.
O choro e o comportamento corporal
nos bebés são meios de comunicação de alguém que ainda não tem capacidade de
pensar-se e de falar. Por isso, porque alguns insistem que se deve deixar um
bebé a chorar («Deixa chorar o bebé. O choro é normal nos bebés»)? Porque se
deixa essa comunicação ficar sem resposta? Ninguém gosta de ficar a falar
sozinho… Partilho a ideia de que o choro e o comportamento corporal têm significado
relacional e que é função dos pais procurar descodificar e significar através
da resposta adequada. O bebé ao chorar está a comunicar com os meios que
conhece e estão ao seu alcance. Está a falar na linguagem que lhe é própria.
Ou seja, desde que nasce e começa
a sua relação com os seus cuidadores preferenciais, normalmente os pais, o bebé
inicia o seu processo de comunicação e de adaptação ao estilo de comunicação e
de cuidado que esses cuidadores lhe oferecem. Trata-se de um comportamento
geneticamente definido e cuja relação com outros humanos molda e potencia.
Efectivamente, somos seres sociais e, desde que nascemos, procuramos a relação
com outros humanos. É nessa relação que nos sentimos amados, entendidos, desafiados
e que aprendemos e crescemos como seres humanos de pleno direito.
O recém-nascido apresenta, pois,
um repertório comportamental que estabelece a ponte entre si mesmo e os outros
humanos, preferencialmente os seus cuidadores, salientando-se o choro, o modo
como molda o seu corpo ao cuidador, a exploração que faz com as mãos, e alguns
sons que emite e que transmitem mal-estar/bem-estar ou até mesmo reconhecimento
do seu cuidador.
Não considero, pois, que o recém-nascido
esteja num estado de indiferenciação e que não reconheça o meio exterior como
tal ou que viva num estado simbiótico e fusional. Penso que o bebé, desde que
nasce, percepciona-se, ainda de uma forma imatura, a si mesmo e ao outro,
nomeadamente os seus cuidadores, relativamente a quem tem uma atenção
prolongada e diferenciada desde o momento do nascimento.
Efectivamente, depois de nascer e
quando é colocado ao colo da mãe, o bebé passa bastante tempo olhando para a
mãe e cheirando-a (sublinhando-se que o olfacto é um dos sentidos mais antigos
que possuímos). Ele reconhece a mãe pelo tom de voz. Este é um pouco diferente
daquele que ouvia no útero, mas a cadência do discurso é a mesma. Agora, decora
o seu rosto, o seu cheiro, molda-se ao seu colo. A mãe sente-se scanerizada e
está ela própria num estado de vigília invulgar (devido às hormonas libertadas
no parto), incapaz de desviar o olhar do seu bebé, em relação a quem decora
todos os traços e em relação a quem procura perceber as suas necessidades, “adivinhando-as”
no seu comportamento.
Para os estudiosos da relação
mais precoce, e validado por muitos pais, o bebé é um parceiro visivelmente activo
na relação com os seus pais, manifestando uma série de comportamentos que
procuram comunicar as suas necessidades
fisiológicas e emocionais (ainda no útero, já esta comunicação se adivinha: o
bebé reage às vozes dos pais e à estimulação táctil na barriga). Comunicação
biologicamente determinada, pois dela depende a sobrevivência (não é por acaso
que a sabedoria popular diz: «Bebé que não chora, não mama»), e cujas
características se vão firmando na interacção bebé-pais, pois é nesta
interacção que ganham sentido. Ou seja, o bebé aprende com as respostas que os pais lhe dão às suas necessidades e
competências. E assim se constitui pessoa!
Ora, o que torna os pais únicos é
a qualidade do amor que sentem pelos filhos. Não tenho qualquer pretensão em
definir essa qualidade do amor, muito menos de opinar sobre o que é o amor ou
quais as formas “certas” de amar. Existem comportamentos espontâneos do adulto
que conferem ao bebé a certeza de ser amado. Um deles é o mimo, na medida em
que por mimo se entende gestos de carinho, cuidado e protecção que resultam de
um coração cheio de amor face àquele que amamos. Um amor que a sabedoria
popular classifica como laço de sangue e lhe confere uma qualidade distintiva
no trato que se dá ao bebé. Este laço de sangue, laço geneticamente enraizado, transforma
o olhar dirigido ao bebé (não é um bebé qualquer; é o meu filho, é uma parte de
mim e de mim depende a sua sobrevivência) e inunda os pais de uma imensa
disponibilidade para amar.
Diante de um bebé, seja ele
recém-nascido ou já não, é natural,
por parte do adulto, a reacção de o agarrar, tocar, embalar, olhar/observar, contemplar,
mimar, sobretudo se for pai desse bebé. Não se trata apenas de uma reacção
espontânea de amor face ao bebé, trata-se também de uma resposta complementar
ao comportamento do bebé, nomeadamente o choro. Com efeito, quando o bebé
chora, os pais têm o impulso natural de lhe pegar e envolver. Quando penso
nisso, constato a maravilhosa complexidade e sabedoria da natureza: à
imaturidade do bebé corresponde a resposta natural do adulto em agarrar,
cuidar, acalmar, ensinar.
Quem sabe qual a boa dose de
mimo? Aquela dose suficiente, que bem responde às necessidades de segurança, carinho,
aconchego, conforto, proximidade física e emocional do bebé? Não sei se alguém
sabe, mas a maioria das pessoas afirma “saber” que a “dose” dada pelos pais é a
mais. O mimo parece sempre ser em dose demasiada… Desde que nasce, e às vezes
ainda antes, o bebé, pela interposta pessoa dos seus pais, é confrontado com
uma série de ditames que afirmam que deve ser o mais rapidamente possível
auto-suficiente, autónomo, responsável e sério.
Porque exigimos tanto dos bebés?
E de seus pais? Porque se pretende que a resposta espontânea e natural dos pais
não seja a mais adequada ao bebé?
Neste sentido, será que a questão
do mimo deverá centrar-se no quanto
(quanto mimo) ou no quando (até quando
o bebé precisa deste tipo de mimo) ou/e no tipo
de mimo (de que tipo de amor estamos a falar)? Questões que só por si exigiriam
um outro artigo… Realizarei neste artigo uma primeira reflexão a esta temática.
O ritmo do amor não tem regras pré-determinadas e fixas
Após o parto e durante um tempo
dificilmente definível por alguém do exterior, mãe e recém-nascido querem,
precisam, estar juntos, em íntimo contacto pele a pele. Prolongam a simbiose
que conheciam quando aquele bebé estava no útero materno. A separação,
normalmente, é sofrida para ambos. Para a mãe, é bom, volvidos 9 meses, ter o
seu bebé ao colo e poder tocar-lhe e transmitir-lhe, através do seu toque, do
seu olhar, da ternura na sua voz, o quanto o ama. Para o bebé, estar no colo da
mãe, sentindo-a, cheirando-a e olhando-a, confere um sentimento de continuidade à sua vivência. Esteve toda a sua vida
unido intimamente àquela pessoa, ela é toda a realidade que conhece, que
manter-se perto dela confere segurança, confere um sentimento de continuidade
na sua experiência de vida.
Neste sentido, questiono-me
porque tanto se culpabilizam as mães e os pais por quererem ter os seus filhos recém-nascidos
“24 horas” perto de si e nos seus braços. Não se trata, a meu ver, de um perigo
para a independência do bebé; trata-se, sim, de um comportamento sensível por
parte dos pais, que mantêm coerente e una a experiência do bebé que acabou de
sair do útero de sua mãe e que se sente perdido longe da mãe e do pai. E esta
necessidade mantém-se, ainda que com gradações diferentes, ao longo do percurso
de deixar de ser bebé e tornar-se criança.
Esta necessidade justifica-se, em
meu entender, pelo facto de mãe e pai funcionarem como “prolongamentos” do
bebé. Incapaz de suprir sozinho as suas necessidades, o bebé chama os pais. E
chama-os porque tem fome, porque tem sono, porque tem frio/calor, porque quer
conforto, porque quer carinho, quer companhia. Quando nasce, todas estas
sensações são avassaladoras e intensas. O bebé não as consegue ainda regular. De
modo que pode chamar os pais a todo o instante, acalmando-se quando no colo. É
a presença efectiva e afectiva dos pais que lhe traz o sentimento de segurança
e de confiança. O recém-nascido verifica que os pais respondem às suas
necessidades, trazem-lhe a certeza de não estar sozinho. Por outro lado, sente-se
tranquilo com o seu tom de voz, o quente do seu corpo e o ritmo do bater do seu
coração (bem conhecido no que diz respeito ao da mãe).
Pode ser uma fase bastante
exigente para os pais, sobretudo para a mãe, se o bebé estiver a ser
amamentado. Eu recordo-me que, no 1º mês de vida da minha filha, a minha
presença era necessária quase constantemente. Lembro-me bem de como isso pode
ser esgotante para uma mãe, pois não consegue descansar. Mas também de como não
se consegue agir de outra forma, pois o apelo do bebé é muito forte. E isto não
significa que este seja um ditador ou mesmo manipulador. Significa, sim, que se
exprime bem e que descansa quando reconhecem e respondem às suas necessidades.
Não é o que sucede connosco, adultos? Na ausência da boa e adequada resposta,
fica a frustração, a decepção… e o desenvolvimento fica em suspenso, à espera…
Afinal, recém-nascidos, bebés, crianças, adolescentes ou adultos, homens ou
mulheres, somos todos pessoas. E a necessidade de resposta afectiva, sensível e
contingente às nossas necessidades é transversal ao ser humano.
E é esta resposta pronta e
afectiva que vai ajudando o bebé a regular-se e a transitar do ciclo uterino
para o ciclo da vida no exterior. E é neste respeito pelo ritmo do bebé que a
independência e a autonomia vão acontecendo. Reconhecendo que aquele bebé já é
uma pessoa.
É, pois, minha opinião que os
pais se devem regular pelo ritmo do seu filho. Esse é o ritmo do amor. Não há
dois bebés iguais. Não há duas pessoas com necessidades iguais. Mas uma
necessidade todos temos enquanto seres humanos: crescer. E para isso,
necessitamos sentirmo-nos amados, reconhecidos e respeitados e que é no seio
desse amor que nos sentimos estimulados e incentivados a crescer!
Os pais emocionalmente
disponíveis intuem/sabem quando é necessária a sua presença junto do seu bebé.
Sabem-no porque conhecem bem as suas necessidades, atentos que estão a ele
desde que nasceu, mas também porque observam e constatam as suas capacidades
crescentes. É este o ritmo do crescimento: da base parental para o mundo. E
este ritmo é específico de cada bebé, sem comparações, culpabilizações ou
desvalorizações. Se se olhar para a especificidade de cada um, apenas podemos
ver as suas conquistas com orgulho e alegria!
Assim, o desafio é estar disponível
emocionalmente para se sentir e “ouvir” as necessidades e as competências
específicas daquele bebé. E não há pessoas melhores para o entenderem do que os
pais. Porque são as pessoas que mais amam aquele bebé, porque estão com ele 24h
por dia, porque, com sensibilidade, são as pessoas que vão descodificando o
ritmo de crescimento do seu filho, que vão notando os seus “imensos” progressos
e mudanças desde que nasce e o estimulam de forma sensível e contingente às
suas competências.
É certo que faz parte da nossa
natureza, enquanto seres humanos, procurar padrões. A capacidade que temos de o
fazer, ajuda-nos a analisar situações, prever o seu desenvolvimento, antecipar
ocorrências. Mas esse é um paradigma do pensamento que se está a alterar, cada
vez mais compreendendo-se que a relação humana é dinâmica, sistémica e,
essencialmente, complexa. O que serve para uma tríade, pode não servir para
outra. Há que se ser sensível e contingente às diferenças que surgem com cada
filho, que sofrem a influência do contexto actual da vida da tríade e da vida
pessoal de cada um dos elementos. É, pois, difícil falar de padrões. É difícil
dizer que se deve fazer assim ou de outra forma. Depende. Depende daquele bebé
e das circunstâncias que rodeiam a família nos momentos que vão colorindo a sua
vida.
No
fundo, seguir o ritmo do amor é dar-se a si mesmo por inteiro à relação com
aquele bebé. Dar-se de uma forma inteira e plena, sem normas, nem
constrangimentos – como nos damos quando estamos apaixonados! Quem “dita” as
regras é quem está na relação; não quem está de fora. Esses normalmente são
para ser contrariados!
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