26/02/2018

O amor do terapeuta

por Catarina Nascimento Rodrigues Publicado originalmente no Jornal Público de 1 de Junho de 2017 Para que seja possível uma Análise bem sucedida não basta apenas a técnica psicanalítica. A meu ver, a retoma do desenvolvimento só é possível porque, na relação com o terapeuta, se sente, de forma inequívoca, como só o inconsciente pode saber, o entusiasmo e o afecto deste, que, na escuta atenta e interessada, sente esperança e prazer em estar/conhecer/acompanhar as mudanças/dores/conquistas/decepções do seu paciente. Sem julgamento e sem...

Relação Psicanalítica: uma relação a Olhar para o Futuro

por Catarina Nascimento Rodrigues  Publicado originalmente no Jornal Público de 8 de Junho de 2017 Penso a relação terapêutica como uma relação de enfoque no maior auto-conhecimento do paciente (e do terapeuta, por consequência de ser um processo rico também para este), de onde resulta uma maior capacidade de se constituir como agente da sua vida. A relação terapêutica profícua permite a descoberta de novos estilos relacionais dentro do próprio e é privilegiada porque, quando se chega ao terapeuta, pelo menos uma parte da pessoa está...

O ódio na Depressão

por Catarina Nascimento Rodrigues Publicado originalmente no Jornal Público de 25 de Maio de 2017  Na minha escuta psicoterapêutica, encontro muitas vezes, nas palavras dos meus pacientes, profunda solidão. Mesmo que, na sua vida, se encontrem rodeados de pessoas, incluindo pessoas significativas. Solidão consequência de se sentirem desamparados, sós face às suas necessidades emocionais. Não estou, pois, a falar da solidão essencial, na medida em que estamos sempre irremediavelmente connosco próprios, mas sós no sentido de procurarmos...

Origem da Depressão

por Catarina Nascimento Rodrigues Publicado originalmente no Jornal Público a 18 de Maio de 2017 Tenho aprendido com os meus pacientes que a depressão é sempre uma depressão infantil, na medida em que radica numa dinâmica relacional primária sentida como desvalorizante do próprio na infância. A continuidade e coerência dessa experiência tem impacto na mente do bebé ou da criança, no sentido de ficar imprimida na mente. Efectivamente, o conhecimento que o bebé tem das figuras parentais é um conhecimento emocional fino, detectando emoções...